Anna de Souza Aranha, co-CEO no Quintessa, em artigo no LinkedIn, define o nosso contexto da seguinte maneira: “Estamos em um ponto de inflexão - de setor e de mundo. A realidade atual vem sendo invadida pelo pessimismo. Efeitos da emergência climática que culminaram em catástrofes, instabilidade política e econômica a nível global, receio dos efeitos da inteligência artificial no mercado de trabalho, agravamento de questões de saúde mental, polarização política, guerras, distanciamento do atingimento das metas estabelecidas para 2030”.
Não está mesmo fácil ser otimista nesta turbulência - ou, quem sabe, a única saída seja pelo otimismo, abraçado à aceitação de nossos limites e impotências? Na tentativa de encontrar ajuda para aterrissar, convido novamente Viviane Mosé para a conversa: “O mundo é amplo, complexo, impossível. Então, não preciso me sentir fracassada se o meu projeto de mudar o mundo não aconteceu”. Esse conselho parece bastante útil para empreendedores que, como eu, colocam seu propósito em gerar impacto positivo: estejamos atentos a essa possibilidade, mas não nos deixemos paralisar, sob pena de nos sentirmos frustrados por demais a ponto de desistir.
De forma prática, o que fazer diante de tudo isso? Reconhecer-se a partir de um lugar diferenciado no mercado e dar as mãos a quem mais veja sentido nesta proposta de atuação. Aí reside o maior valor em ser parte do Movimento B: significa pertencer, olhar para sua própria realidade e reconhecer suas forças de impacto, assim como as oportunidades de ampliar o alcance. Ser parte do movimento B é organizar informações, prestar contas e engajar pessoas, movida por um novo jeito de ‘fazer negócio’. A certificação B é, enfim, mais do que uma marca ou um selo: é uma maneira de ver o mundo e de liderar a construção de soluções para os desafios do nosso tempo.
Assim, entendo a jornada de certificação como um caminho exigente de melhoria contínua. Alcançar a certificação, com todas as exigências e princípios que ela abraça, é um passo, depois do qual vem a construção ou ressignificação das práticas do negócio, movida pelo sentimento de pertencer a algo maior, que nos religa ao propósito de transformação a partir do nosso micromundo, fortalecendo um ecossistema integrado de negócios que desejam ser melhores para o planeta.
Mas, é bom que se diga, a certificação B – e qualquer outra - nunca é uma linha de chegada. Porque ser melhor para o mundo, num mundo frágil, ansioso, não-linear e incompreensível (BANI) como o nosso é, sem dúvidas, abraçar a utopia. Afinal, o objetivo que buscamos estará sempre mais à frente e em constante mutação.