A Educação Ambiental está prevista em políticas públicas como a Política Nacional de Educação Ambiental e o Programa Nacional de Educação Ambiental, sendo o paradigma contemporâneo a ser adotado no ambiente laboral empresarial.
De acordo com a DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 238, DE 26 DE AGOSTO DE 2020 , Art. 2º o Programa de Educação Ambiental – PEA é um conjunto de projetos de Educação Ambiental que se articulam a partir de referenciais teóricos metodológicos e de uma proposta educativa coerente, considerando aspectos teórico-práticos e processos de ensino-aprendizagem.
Devem contemplar as populações afetadas e os trabalhadores envolvidos, proporcionando condições para que possam compreender sua realidade e as potencialidades locais, seus problemas socioambientais e possíveis melhorias, bem como meios para evitar, controlar ou mitigar os impactos socioambientais e conhecer as medidas de controle ambiental dos empreendimentos.
A importância de um PEA, de modo especial em Minas Gerais, tem sido reconhecida pela legislação através da DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 214, DE 26 DE ABRIL DE 2017, a qual determina a sua execução nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades listados na Deliberação Normativa COPAM nº 74/2004 e considerados como causadores de significativo impacto ambiental e/ou passíveis de apresentação de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA.
A demanda crescente por bens naturais expõe o lado crítico da relação do ser humano com a natureza e o próprio setor empresarial que atua na extração e transformação de matérias-primas em bens de consumo contribuindo sobre maneira para a degradação ambiental.
Ainda é recente e tímida a atuação de empresas no reconhecimento de suas responsabilidades com o meio ambiente. As responsabilidades socioambientais, podem e devem ser ampliadas para além dos muros das organizações.
Ações em prol da gestão ambiental, sustentabilidade, ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e ESG (acrônimo para Meio ambiente, Sociedade e Governança) seguem sendo essenciais, porém só terão seus impactos reconhecidos se estiverem em sinergia com as ações de Educação Ambiental.
A Educação Ambiental no contexto corporativo pode ser contextualizadora e abrangente indo além dos formatos já conhecidos de atividades em datas comemorativas.
Os Programas Corporativos de Educação Ambiental podem e devem ser uma ferramenta para a sensibilização, a tomada de consciência, de atitudes e mudanças de comportamento que possibilitem integrar teoria e prática de maneira a estimular a ampliação da percepção e do protagonismo ambiental dos seus colaboradores.
Engajamento não acontece a partir de ordens. Requer um ambiente propício, de sinais claros de estímulo à participação e de um alinhamento natural dos valores dos colaboradores com os da empresa. Um estudo da Towers Watson Global Workforce revelou que funcionários comprometidos com iniciativas ambientais perdem apenas oito dias por ano em produtividade contra 14 dias de funcionários não engajados.
Engajar e mobilizar todos os colaboradores em iniciativas ligadas à sustentabilidade, especialmente os colaboradores-âncora. Os colaboradores-âncora são profissionais naturalmente sensíveis aos temas sociais e ambientais, fortemente motivados, capazes de enxergar os desafios internos das empresas e de promover mudanças inovadoras “de baixo para cima”.
Podem ser jovens, mulheres, negros, idosos, LGBTs ou pessoas com deficiência. Podem ser indivíduos que, fora da empresa, realizam atividade voluntária, integram movimentos ambientalistas e de defesa de direitos humanos. Podem ser colaboradores zelosos e preocupados em evitar desperdício de bens naturais.
As ações de Educação Ambiental podem e devem utilizar de diversas ferramentas didáticas, métodos e públicos:
● Workshop, palestras e fóruns realizados por profissionais da empresa ou parceiros externos.
● Visitas de benchmarking.
● Apresentação/divulgação dos resultados ambientais e das práticas que mais geraram resultado para toda a organização.
● Realização da Semana do Meio Ambiente – palestras, cursos, atividades diversas.
● Celebração de datas alusivas às questões socioambientais – Dia da Água, Dia da Árvore, Dia Mundial do Meio Ambiente, entre outros.
● Cursos in company, cursos online.
● Campanhas de conscientização.
● Programas de recompensas e reconhecimento.
● Projetos de sustentabilidade: envolver os diferentes níveis e setores da empresa na divulgação de conquistas alcançadas, reforçando a cultura de sustentabilidade através da celebração e destaque.
Atividades lúdicas - peças de teatro, contação de histórias, gamificação.
● Apoio ao desenvolvimento de projetos socioambientais nas comunidades que fazem parte da Área de Abrangência da Educação Ambiental – Abea.
● Divulgação de conteúdos através de informativos, panfletos e QR Code.
● Visitas técnicas.
● Plantio de mudas.
As unidades da Gerdau Usina Ouro Branco, Mina de Miguel Burnier e Mina de Várzea do Lopes possuem um Programa de Educação Ambiental implementado desde março de 2022.
Até o momento, 50.870 colaboradores já participaram de uma ou mais ações propostas. O ciclo atual do PEA busca ampliar a percepção e o protagonismo ambiental dos colaboradores e para isso o conhecimento de expressões, atitudes e comportamentos ambientais são o foco nesse momento.
Treinamentos presenciais e em plataforma digital abordam conceitos ambientais gerais, como poluição, mudanças climáticas, pegada ecológica e consumo consciente, Unidades de Conservação, ODS e ESG, por exemplo.
Além desses, temas relacionados ao contexto ambiental interno das unidades como possíveis impactos e medidas mitigadoras adotadas são contemplados. Os indicadores de monitoramento do programa mostram uma melhora crescente nos seus índices. Além do público interno, o PEA se estende às Abeas - Áreas de Abrangência da Educação Ambiental, que são as comunidades vizinhas ao empreendimento e que estão sob sua influência.
O PEA com as comunidades tem como objetivos centrais o fortalecimento das associações e lideranças locais culminando na realização de projetos socioambientais. Até o momento, um total de 196 pessoas já participaram das oficinas e visitas técnicas realizadas, só em 2023 foram 235 participações.
Alguns desafios podem dificultar a implementação dos Programas de Educação Ambiental nas empresas . Logo, é importante considerar o ambiente operacional no qual estão inseridas. São listados alguns desses desafios.
● Resistência cultural e organizacional: ações voltadas às questões ambientais por vezes são vistas apenas como atividades onerosas, sem retorno e de menor importância.
● Inexistência de estratégias metodológicas orientadoras para os programas de Educação Ambiental nas empresas.
● Obstáculos de comunicação: informar sobre a importância da Educação Ambiental e suas razões pode ser um desafio, refletindo principalmente na falta de engajamento dos colaboradores e pouco entendimento pelas lideranças.
● Estabelecimento de objetivos e indicadores bem alinhados são essenciais. Medir o impacto das iniciativas de Educação Ambiental e acompanhar o seu progresso nem sempre é uma tarefa fácil, pois não há métricas claras sobre o resultado dessas ações.
● A importância do Diagnóstico Socioambiental Participativo: os programas/projetos devem ser personalizados diante dos diferentes públicos e realidades socioambientais a que se destinam. Logo, ouvir tanto os colaboradores como as comunidades vizinhas é o passo inicial determinante no processo de construção do PEA.
A legislação ambiental vigente, os Direitos Humanos, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS e os critérios Ambientais, Sociais e de Governança (ESG - Environmental, Social and Governance), envolvem as práticas corporativas em uma gestão que pressupõe posturas economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas culminando na Educação Ambiental como dinâmica de instrumentalização para a ação.
Empresas conectadas aos desafios da Sustentabilidade estão melhor preparadas para enfrentar desafios futuros, como regulamentações ambientais mais rigorosas e mudanças nas preferências dos consumidores. Dessa forma, investir em Sustentabilidade não é apenas uma escolha ética, mas também uma estratégia inteligente para garantir o sucesso e a relevância no mercado atual e futuro.
Pontuamos as principais vantagens de se investir em Educação Ambiental nas empresas :
● Ampliar a percepção e o protagonismo ambiental dos colaboradores.
● Acentuar a conexão dos temas de Sustentabilidade com os objetivos do negócio e com impactos na vida pessoal dos colaboradores.
● Melhorar o relacionamento com as comunidades vizinhas.
● Reduzir os riscos socioambientais.
● Auxiliar nos acessos a certificações.
● Reduzir o risco de multas e penalizações jurídicas por problemas ambientais.
● Contribuir para que os resíduos gerados tenham destinação adequada, dentro das exigências ambientais (Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/2010).
● Aumentar o valor agregado à imagem da empresa, de seus produtos e serviços.
● Aumentar vantagens competitivas em relação aos concorrentes.
● Integrar a sustentabilidade na cultura corporativa.
● Estimular a inovação e melhoria contínua.
● Extrapolar os limites da empresa, envolvendo outras partes interessadas como a comunidade, fornecedores, clientes, gerando a compreensão compartilhada dos desafios ambientais e atuação de forma conjunta.
A Educação Ambiental tem a obrigação de ser, ainda que no contexto empresarial e ou como obrigação legal, emancipatória, transformadora, permanente, interdisciplinar, abrangente, contextualizadora, globalizante, ética e participativa.
O engajamento e protagonismo ambiental dos participantes está relacionado ao alinhamento natural dos valores dos colaboradores com os da empresa, PEA e outras ações de Sustentabilidade. Deixar claro o que significa Sustentabilidade para a empresa e o que ela espera dos colaboradores é um passo importante nesse processo.
Sua empresa tem um Programa de Educação Ambiental? Ou está em processo de elaboração? Na Bridge, estamos prontos para auxiliar tanto nas etapas de estruturação quanto na sua execução. Conte conosco!