Nessa publicação trouxemos mais um relato sobre um case Bridge, no qual realizamos o incentivo ao desenvolvimento local por meio de uma rede de pequenos empreendedores da comunidade presente no território do cliente em questão. No decorrer do texto, vamos te contar como era a realidade local, quais foram os objetivos do projeto, as fases e os resultados alcançados. Boa leitura!
A transformação de realidades sociais e o desenvolvimento é uma iniciativa que não acontece sozinha, e muito menos da noite para o dia.
Para que a iniciativa privada e as cidades cresçam juntas, é preciso trazer as comunidades para um contexto de diálogo, onde todos participem de modo mais equitativo e tenham poder de decisão sobre o futuro conjunto.
Por mais que isso possa parecer distante da nossa realidade, a Bridge acredita nesta possibilidade. Tanto que hoje, temos o prazer de compartilhar um trabalho que temos desenvolvido ao longo dos últimos anos.
O case refere-se a um projeto planejado – e ainda em fase de execução pela Bridge Gestão Social – para uma grande empresa de mineração e siderurgia com operação em uma região que teve sua ocupação urbana associada à exploração de recursos naturais.
Nesse contexto, as atividades econômicas e a densidade populacional do pequeno distrito, historicamente, variaram em conformidade com a operação de empresas na região e arredores. No início dos anos 2000, a comunidade já experimentava um processo de êxodo populacional – que se mantém até os dias de hoje.
Ao mesmo tempo, crescia por meio de alguns moradores que lá desejam permanecer, um processo de resistência em busca do fortalecimento das raízes e histórias e valorização dos atributos locais.
O desafio que a empresa apresentou à Bridge foi o de desenvolver fornecedores residentes nesta pequena localidade.
A ideia era incrementar a economia no próprio território como forma de fixação de residentes, o que, ao final, contribuiria para a preservação da história da região.
Para compreender melhor o contexto onde as ações de comunicação e desenvolvimento social precisavam ser desenvolvidas, é importante observar dois fatores locais:
→ em primeiro lugar, o histórico de impactos socioambientais da operação de empresas extrativas;
→ em segundo, e um fenômeno mais recente, a dinâmica do êxodo populacional.
Estas duas questões criaram um cenário onde boa parte das pessoas eram contrárias às atividades extrativistas e não se sentiam sensibilizadas a participar de iniciativas propostas pela empresa, mesmo que contribuíssem com o desenvolvimento econômico local.
Além disso, não podemos ignorar outros fatores próprios do lugar, como a divisão que ocorria dentro da comunidade, marcada por tensões nos relacionamentos interpessoais e competições.
Sendo assim, era desafiadora qualquer tentativa de estabelecimento de conexão e construção de propósito e planos. Além disso, os empreendedores envolvidos apresentavam maturidades distintas na gestão de seus negócios.
Tudo isso estava presente, mesmo quando o objetivo era o fortalecimento mútuo, para que todos se tornassem protagonistas de seus negócios, e independentes do apoio constante da empresa.
Quando chamada, o primeiro passo da Bridge foi pesquisar a capacidade empreendedora local.
Como resultado, percebeu-se fragilidades na região o que representava dificuldade para formar fornecedores na região que estivessem aptos a atender à governança da companhia em questão.
A partir disso, e em discussão sobre a sustentabilidade nas empresas com a equipe, a Bridge propôs que tal demanda fosse transformada na constituição de uma rede de empreendedores de pequenos negócios com foco em dois objetivos principais:
Dessa forma, começou o trabalho de estruturação da Rede de Empreendedores, integrando moradores de alguns distritos da região.
O trabalho foi pensado com base em escutas para diagnosticar vocações das comunidades e mercados potenciais para fomento ao desenvolvimento econômico local.
Assim, buscamos:
→ identificar empreendedores já existentes, bem como empreendedores potenciais;
→ criar condições para desenvolver e/ou capacitar os empreendedores mapeados;
→ formatar a rede de empreendedores locais, estabelecendo sua governança e lideranças para viabilizar a autonomia do projeto, com menor dependência da empresa nas tomadas de decisão futuras;
→ apoiar a rede na abertura inicial de mercado.
Continue com a leitura e veja como isso se deu, na prática.
A pesquisa realizada na primeira etapa do trabalho foi feita com dois grupos de stakeholders e propósitos distintos:
→ Censo com residentes nas comunidades a fim de identificar potenciais participantes da rede: aqueles moradores locais que produzem ou desejam produzir/comercializar produtos e serviços;
→ Pesquisa qualitativa com empreendedores já instalados na região e que, potencialmente, pudessem se tornar clientes ou apoiadores da rede.
Analisados os resultados, novos movimentos estratégicos foram feitos para alinhar as expectativas e definir os passos mais relevantes para a viabilidade da formatação da rede de empreendedores.
Reuniões com os empreendedores mapeados para construção conjunta do Planejamento Estratégico de trabalho.
Os encontros foram dedicados à apresentação mais detalhada da proposta, dinâmicas de integração do grupo, desenvolvimento da Análise SWOT, escolha do nome e construção do Canvas da rede, finalizando com a elaboração do Plano de Ação para implantação da iniciativa.
Uma vez estruturada a rede e seu plano de trabalho com ampla participação de moradores dos distritos e sempre validados pelas partes interessadas, passamos à fase seguinte.
Assim, a terceira etapa destinou-se à evolução do projeto, conduzida pela Bridge, constantemente avaliando e fazendo ajustes necessários.
A terceira etapa sofreu fortes impactos decorrentes da pandemia da Covid 19. Contudo, é possível destacar os seguintes resultados:
→ Associação já formalizada, com eleição de diretoria, aprovação de estatuto e registro cartorial;
→ Participação assídua de 10 empreendimentos focados na produção de alimentos, oito da agropecuária e cinco artesãos;
→ Sete oficinas de capacitação realizadas:
• Associativismo e Cooperativismo;
• Como calcular o custo do produto/serviço;
• Precificação de Produtos;
• Gestão Financeira dos projetos;
• Canvas de cada empreendimento;
• Fluxo de Caixa;
• Planejamento e operacionalização de feiras e eventos;
→ Três visitas de benchmarking realizadas;
→ Identidade Visual definida com ampla participação dos empreendedores no debate e definição da proposta;
→ Realização de duas feiras com exposição e venda de produtos dos participantes da Rede nas dependências da empresa e no distrito;
→ Parceria com a Prefeitura Municipal e Emater para obtenção futura do CIM (Certificado de Inspeção Municipal) e aprovação dos empreendimentos pela Vigilância Sanitária (foram realizadas visitas de inspeção aos empreendimentos com potencial para tal certificação).
Como se pode observar, já se percebem importantes movimentos no sentido do desenvolvimento local. Facilitando o diálogo , podemos, entre todos, construir relacionamentos mais saudáveis no gerenciamento de stakeholders.
Neste case que você leu trouxemos um tipo de Diagnóstico em suporte ao projeto de Desenvolvimento Local. Fala mais da perspectiva das comunidades .
Obrigado pela sua atenção e até breve!
Nota: *Os dados e nome da empresa foram preservados em respeito à privacidade do cliente Bridge.