Vamos falar nesse texto sobre linguagem organizacional e construção de identidade organizacional. Há algum tempo fui desafiada pelo amigo Rafael Araújo, fundador e líder principal da Árvore Gestão de Relacionamentos, a pensar uma forma de desenvolver o que ele chamou de “linguagem da Árvore”.
O objetivo dele – um líder inconformado, que está sempre pensando à frente e jamais se acomoda – era promover um alinhamento genuíno da equipe com a proposta de valores da Árvore. Algo que permitisse a qualquer cliente e a qualquer tempo, reconhecer a Árvore em cada membro de seu time.
Fomos pensar nos momentos da verdade, ou seja, aquelas situações concretas nas quais este reconhecimento se realiza. Ocasiões durante as quais se estabelece um verdadeiro contrato psicológico entre o fornecedor e o cliente, estabelecendo-se expectativas que, para o bem da relação, não convém frustrar.
Se é assim, este padrão de Linguagem Organizacional precisa ser legítimo, condizente com o perfil do time de profissionais, sustentado no cotidiano das interações e por meio das iniciativas de desenvolvimento de equipe.
A liderança organizacional, mais do que nunca, é chamada a recorrer a seu potencial inspirador, mobilizando as pessoas em torno de um “jeito” peculiar de ser e agir nas relações de trabalho.
Isso se aproxima de um código de conduta mas não tem nada a ver com um dress code . É muito mais amplo. Estamos falando de uma atitude comum a um grupo de pessoas. De um modelo mental que inspira o discurso, a criação de estratégia, a tomada de decisões. A conduta e o modo de vestir-se seriam apenas resultados de uma estrutura escolhida, talhada com zelo e propósito bem definido, alinhada a uma estratégia de negócio.
Há uma clara missão a cumprir e ela só irá concretizar-se se cada um e toda a equipe entender o que lhe cabe e dedicar-se a esta construção.
Numa dessas felizes coincidências, fui fazer uma pequena mas rica formação cuja ênfase era pensar o movimento das nações rumo ao desenvolvimento econômico. Um dos conteúdos que estudei neste contexto era intitulado “Identidades, narrativas e normas”.
A ideia era pensarmos quais as bases de formação de um povo, de uma comunidade de pessoas. O que exatamente as faz sentir-se parte de um todo e, portanto, comungar de um espírito de coletividade?
Impossível não conectar esta teoria com o que estamos buscando construir na Árvore. O que faz uma comunidade comungar dos mesmos propósitos e agir de modo semelhante entre si, é uma busca pessoal por aceitação mas também por autoestima. Ou seja, sou eu tentando pertencer a um grupo que tem suas regras e atitudes próprias e, ao mesmo tempo, sou eu tentando estar feliz e realizada comigo mesma.
Por detrás disso, existem narrativas, histórias que conectam as pessoas.
Mais do que isso: histórias que afirmam nas relações do cotidiano, a natureza daquele grupo. Histórias que contam as trajetórias contribuidoras para a formação daquela identidade; histórias que registram os personagens principais. É o storytelling do dia a dia que vai moldando uma comunidade, construindo o conjunto de crenças e valores que, na sequência, se reverberam na construção das normas que regem a conduta daquele grupo.
Na construção do que chamamos “ O Jeito Árvore de Ser ” estamos, portanto, alimentando novas narrativas institucionais que, no cotidiano, elucidarão para a equipe, reputação da marca , a atitude e postura mais condizentes com os propósitos estabelecidos.
É neste diapasão que construiremos a identidade desejada . Haveria outra forma de fazer isso a não ser numa cocriação? Seguramente que não. E foi por isso que escolhemos uma rota mais lenta porém efetiva de escuta e validação a cada avanço do trabalho que, tijolo a tijolo, não se deve pretender terminar. Afinal, concluir e estagnar são dois verbos que não conjugam com sucesso empresarial.
Escrito por Liliane Lana
Liliane Lana é jornalista com especializações em Sustentabilidade e Comunicação Empresarial. Durante sua trajetória profissional, concentrou-se na gestão de processos de comunicação e no desenvolvimento de relacionamentos institucionais.
Ela é fundadora e diretora da Bridge Gestão Social, onde coloca em prática sua vocação pessoal: construir pontes que conectem pessoas e instituições, promovendo o desenvolvimento da sociedade e das pessoas. Sua motivação central é trabalhar em prol de um impacto social positivo e sustentável.